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sábado, 9 de maio de 2020

Os retornados


Os Retornados  


Os retornados são cidadãos portugueses que, entre 1974 e 1976, após a independência das colónias em África com o fim da ditadura tiveram de voltar para Portugal. Apesar de a designação retornados evocar regresso, alguns retornados portugueses nasceram nas antigas colónias. O regresso deste número elevado de pessoas transformou a sociedade portuguesa de uma forma profunda. Desta forma, contribuiu para a modernização de aldeias e cidades de todo o país, o fornecimento de peritos nas áreas da Saúde e Educação, o lançamento de novos negócios, transformação da rádio e televisão e a liberalização de costumes.
                No período colonial os habitantes não-indígenas eram designados por colonos, brancos, comunidade branca ou população de origem europeia. Após a Revolução passaram a ser descritos por desalojados ou deslocados e, posteriormente, de repatriados e ‘retornados’. Esta última categorização perdurou até hoje, apesar de ser mal recebida por conter uma conotação pejorativa e estigmatizante. Em alternativa ao termo que se tornaria um estereótipo negativo, muitos reclamaram a condição de apátridas, deslocados ou desalojados de guerra
 Entre maio de 1974 e novembro de 1975 terão saído de Angola para Portugal mais de 300 mil pessoas e 160 mil de Moçambique para Portugal. Muitos portugueses migraram para outros destinos, como a África do Sul, Rodésia, Índia, Brasil, Paquistão, Venezuela, etc. Cerca de 100 500 militares regressaram, em cerca de um ano, a Portugal.
Muitos portugueses regressaram de barco, trazendo milhares de caixotes que ficavam espalhados pela cidade de Lisboa, no Porto de Alcântara. As pessoas ficavam albergadas em pensões e hotéis pagos pelo Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais, no Inatel da Costa da Caparica ou na cadeia do Forte de Peniche em Leiria, a maioria dirigiu-se às zonas de origem familiar, os que não tinham rede de apoio ficaram instalados em edifícios estatais (INATEL, instalações militares, parques de campismo municipais, etc.) e em pensões e hotéis, a expensas do Estado, incluindo os de 4 e 5 estrelas, instalados em Portugal, muitos retornados viveram situações dramáticas, ao nível da falta de assistência médica, emprego, habitação e muita burocracia para obtenção de documentos de identificação, cartas de condução, etc. Por exemplo, os retornados de Angola tiveram problemas associados às dificuldades de conversão da moeda angolana para portuguesa, chegando mesmo a ocupar o Banco de Angola. Existiu ainda dificuldade no pagamento de pensões de aposentação dos funcionários das colónias.

Muitas entidades estrangeiras procuraram prestar auxílio aos retornados, nomeadamente a Cruz Vermelha Internacional, a ONU, embaixada dos EUA em Lisboa (Frank Carlucci), governo do Canadá, especialmente em Lisboa e no Porto.


Beatriz Barbosa Machado nº2 6ºC

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