Os
Retornados
Os retornados são cidadãos portugueses que, entre 1974 e 1976, após a
independência das colónias em África com o fim da ditadura tiveram de voltar
para Portugal. Apesar de a designação retornados evocar regresso, alguns
retornados portugueses nasceram nas antigas colónias. O regresso deste número
elevado de pessoas transformou a sociedade portuguesa de uma forma profunda.
Desta forma, contribuiu para a modernização de aldeias e cidades de todo o
país, o fornecimento de peritos nas áreas da Saúde e Educação, o lançamento de
novos negócios, transformação da rádio e televisão e a liberalização de costumes.
No
período colonial os habitantes não-indígenas eram designados por colonos,
brancos, comunidade branca ou população de origem europeia. Após a Revolução
passaram a ser descritos por desalojados ou deslocados e, posteriormente, de
repatriados e ‘retornados’. Esta última categorização perdurou até hoje, apesar
de ser mal recebida por conter uma conotação pejorativa e estigmatizante. Em
alternativa ao termo que se tornaria um estereótipo negativo, muitos reclamaram
a condição de apátridas, deslocados ou desalojados de guerra
Entre maio de 1974 e novembro de
1975 terão saído de Angola para Portugal mais de 300 mil pessoas e 160 mil de Moçambique
para Portugal. Muitos portugueses migraram para outros destinos, como a África
do Sul, Rodésia, Índia, Brasil, Paquistão, Venezuela, etc. Cerca de 100 500
militares regressaram, em cerca de um ano, a Portugal.
Muitos portugueses regressaram de barco, trazendo milhares de caixotes
que ficavam espalhados pela cidade de Lisboa, no Porto de Alcântara. As pessoas
ficavam albergadas em pensões e hotéis pagos pelo Instituto de Apoio ao Retorno
de Nacionais, no Inatel da Costa da Caparica ou na cadeia do Forte de Peniche
em Leiria, a maioria dirigiu-se às zonas de origem familiar, os que não tinham
rede de apoio ficaram instalados em edifícios estatais (INATEL, instalações
militares, parques de campismo municipais, etc.) e em pensões e hotéis, a
expensas do Estado, incluindo os de 4 e 5 estrelas, instalados em Portugal,
muitos retornados viveram situações dramáticas, ao nível da falta de
assistência médica, emprego, habitação e muita burocracia para obtenção de
documentos de identificação, cartas de condução, etc. Por exemplo, os
retornados de Angola tiveram problemas associados às dificuldades de conversão
da moeda angolana para portuguesa, chegando mesmo a ocupar o Banco de Angola.
Existiu ainda dificuldade no pagamento de pensões de aposentação dos funcionários
das colónias.
Muitas entidades estrangeiras procuraram prestar auxílio aos retornados,
nomeadamente a Cruz Vermelha Internacional, a ONU, embaixada dos EUA em Lisboa
(Frank Carlucci), governo do Canadá, especialmente em Lisboa e no Porto.
Beatriz Barbosa Machado nº2 6ºC
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